quarta-feira, 13 de abril de 2011

Formol como alisante capilar - Curiosidade

O tratamento “escova progressiva” é um tema polêmico. Por usar agentes químicos fortes como formol não é recomendado por todos os especialistas de beleza. Há também aqueles não fazem de maneira alguma.
A quantidade máxima aceitável de formol em um produto de beleza é de 0,2%, no entanto nessa quantidade ele não alisa. Para dar resultado é necessário de 2 a 4% do componente altamente tóxico.
No dia 17 de março deste ano, a dona de casa Maria Ení da Silva, de 33 anos morreu em Porangatu (GO), depois de passar por um tratamento para alisar os cabelos. Ela aplicou o produto em um salão e foi orientada a não lavar a cabeça durante 3 dias. A dona de casa reclamou de dores de cabeça, coceira e dificuldade para respirar, chegou a ser levada para hospitais, mas morreu alguns dias depois. A dona do salão onde o produto foi aplicado afirma que nunca usou formol.
A delegada Christyane Alves da Costa, que investigou o caso de Maria Ení, informou que o inquérito foi concluído, mas não há culpados. O médico avaliou que a causa da morte foi provocada por uma intoxicação, mas não foi possível descobrir o que provocou essa intoxicação. A delegada disso que não dá para atribuir a morte ao tratamento.
Depois disso, o número de denúncias sobre o uso de formol aumentou. Também em Goiás, a técnica de enfermagem Simone Moreira de Souza, de 30 anos, foi internada com a cabeça inchada, dores no pescoço e na cabeça e fadiga muscular, após fazer uma escova progressiva com essência de chocolate.
O Ministério da Saúde diz: o formol é uma solução a 37%, um composto líquido claro com várias aplicações, sendo usado normalmente como preservativo, desinfetante e anti-séptico. É matéria para embalsamar peças de cadáveres, mas é útil também na confecção de seda artificial, celulose, tintas e corantes, soluções de uréia, vidros, espelhos e explosivos. É utilizado para dar firmeza nos tecidos, na confecção de germicidas, fungicidas agrícolas, na confecção de borracha sintética e na coagulação da borracha natural. É empregado, ainda, no endurecimento de gelatinas, albuminas e caseínas, até na fabricação de drogas e pesticidas. Desta forma percebemos que este produto é utilizado para diversas aplicações.
Relacionado a produtos de beleza, a ANVISA permite apenas o uso do formol como conservante ou endurecedor de unhas e proteção de cutículas, em condições específicas e com as advertências na rotulagem nos produtos. O uso do mesmo como alisante capilar NÃO é permitido, pois pode causar sérios danos ao usuário do produto e ao profissional que aplica o produto, tais como: irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do cabelo, ardência e lacrimejamento dos olhos, falta de ar, tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz, devido ao contato direto com a pele ou com vapor. Várias exposições podem causar também boca amarga, dores de barriga, enjôos, vômitos, desmaios, feridas na boca, narina e olhos, e câncer nas vias aéreas superiores, podendo até levar a morte.
          A Resolução RDC 36, de 17 de junho de 2009, proíbe a comercialização do formol em estabelecimentos como drogarias, farmácias, supermercados, empórios, lojas de conveniências. A finalidade é reduzir o acesso da população ao formol, protegendo a saúde de profissionais cabeleireiros e consumidores.

           Então como podemos alisar os cabelos de forma segura? 

Os produtos alisantes devem ser registrados na ANVISA. Existem substâncias ativas específicas com propriedades alisantes como ácido tioglicólico, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio, hidróxido de guanidina permitidas pela legislação. Substâncias como formol NÃO são permitido como alisantes. Por isso, antes de alisar os cabelos, verifique na própria embalagem se o produto a ser utilizado está registrado na ANVISA. Produtos que foram notificados possuem a inscrição “343/05” na embalagem e não podem ser indicados para alisamento capilar.
Os produtos cosméticos registrados devem obrigatoriamente estampar, na sua embalagem externa, o número de registro, que sempre começa pelo número 2, e sempre terá ou 9 ou 13 dígitos (exemplo: 2.3456.9409 ou 2.3456.9409-0001). Esse número de registro é geralmente precedido pelas siglas “Reg. MS” ou “Reg. Anvisa”, o que significa a mesma coisa.
Antes de usar o produto, é importante ler e seguir as instruções de uso do produto e ler atentamente as precauções de uso e advertências que constam na embalagem.

IMPORTANTE:
É possível consultar os produtos cosméticos registrados acessando o link http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_cosmetico.asp (preencha o campo “nome produto” ou “número de registro”, de preferência). Em caso de dúvidas ou denúncias, entre em contato conosco pelo e-mail: cosmeticos@anvisa.gov.br. Para efetuar denúncias sobre suspeita ou produtos irregulares, consulte também a Vigilância Sanitária de sua cidade. Em caso de suspeita de reações adversas causadas pelo uso de cosméticos, envie o relato para o e-mail cosmetovigilancia@anvisa.gov.br

Referências:

ANVISA - COSMÉTICOS. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/alisantes/escova_progressiva.htm> Acesso em 24/03/2011.

JORNAL A HORA ONLINE - ALERTA CABELEREIROS. Disponível em: <http://www.jornalahoraonline.com.br/cidade/integra.php?id=1232> Acesso em 11/04/2011.


PLANETA ROSA - SAÚDE E BELEZA. Disponível em: <http://planetaderosa.com/saude-e-beleza/mulher-morre-aps-tratamento-para-cabelo.html> Acesso em 11/04/2011.


divulgação
Angelina Stoco


terça-feira, 12 de abril de 2011

Intoxicação Medicamentosa no Idoso - Artigo

           Os idosos são mais susceptíveis aos efeitos adversos dos medicamentos devido a muitos fatores, como a utilização excessiva, a utilização concomitante de diversos medicamentos, a função reduzida de vários sistemas fisiológicos, a excreção e o metabolismo alterados. Este artigo enfoca as principais alterações metabólicas que ocorrem no idoso, bem como a terapêutica clínica para este paciente, fatores responsáveis, na maioria das vezes, por quadros de intoxicação medicamentosa. Nesse contexto, a atenção, principalmente médica-farmacêutica-familiar, deve ser redobrada, envolvendo também a conscientização de toda a sociedade brasileira a respeito do idoso.

Referência:

REVISÃO DE LITERATURA - INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NO IDOSO. Disponível em: <https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1284824327saude15art08.pdf> Acesso em: 11/04/2011.




Marcella Passoni

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Artigo - Impacto Sócio-Econômico

A ocorrência de óbitos por intoxicação com medicamentos tem sido considerada um dos agravos de saúde pública. Embora os medicamentos sejam formulados, indiscutivelmente sob critérios de proteção e segurança, convive-se com o risco associado ao seu uso.
Motivos diversos expõem as pessoas a efeitos indesejados. A utilização de medicamentos em situações não indicadas ou em circunstâncias que desrespeitem os critérios de uso racional pode provocar danos. É comum haver conseqüências como intoxicação.
Em estudos foram obtidos percentuais referentes as mortes por faixa etária no Brasil. Há uma maior proporção de óbitos no grupo etário de 20-39 anos (44,0%) e 40-59 anos (27,2%). Os idosos (≥ 60 anos) ficaram na 3ª posição em número de óbitos. Entre crianças com até 9 anos de idade, a faixa etária predominante foi de ≤ 4 anos (3,6%). A principal causa determinante no grupo etário de 20-39 anos foi a intoxicação de forma intencional/suicida (54,9%). Isto também foi verificado nos grupos etários de 10-19 anos (52,7%) e 40-59 anos (52,8%). A intoxicação acidental foi a principal causa determinante entre as crianças ≤ 4 anos (51,0%). Quanto à população de idosos, a intoxicação com intenção indeterminada teve o maior registro de óbitos (43,8%), seguida da suicida (28,0%) e da acidental (27,0%). As intoxicações do tipo acidental e homicida foram as que registraram óbitos em todos os grupos etários. No entanto, a forma intencional/suicida foi responsável por 2.125 (48,3%) registros de óbitos por intoxicação com medicamentos.
Tais números afetam a economia nacional e representam importantes custos diretos e indiretos calculáveis, e é, como foi comprovado, um obstáculo importante ao desenvolvimento econômico.
Para países em desenvolvimento, isto tem significado um aumento anual da diferença em prosperidade entre países com altos índices de intoxicação por medicamentos e países com menor número.
Os custos diretos incluem uma combinação de despesas pessoais e públicas em prevenção e tratamento. Os custos pessoais incluem despesas individuais ou familiares, honorários médicos, transportes para os serviços de saúde e sustento durante estadias em hospital para o paciente e algumas vezes para um membro da família que o acompanhe. As despesas públicas incluem as despesas governamentais com os serviços de saúde e infra-estrutura de cuidados de saúde, educação e investigação.
Os custos indiretos incluem perda de produtividade ou renda associada a doença ou morte. Isto pode ser traduzido como o custo de dias de trabalho perdidos ou absentismo do emprego e o valor do trabalho caseiro não remunerado de homens e mulheres. No caso de morte, os custos indiretos incluem os ganhos perdidos que a pessoa falecida teria recebido durante o resto da sua vida. 
       Estes e tantos outros problemas que causam graves prejuízos à saúde dos pacientes e aos cofres das prefeituras, poderiam ser resolvidos se os Municípios organizassem os seus programas de assistência farmacêutica pública, acatando recomendações do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Referência:
CIÊNCIA E SAÚDE COLETIVA – MORTALIDADE POR INTOXICAÇÃO COM MEDICAMENTOS NO BRASIL. Disponível em:<http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/artigo_int.php?id_artigo=4835> Acesso em: 06/04/2011.


quarta-feira, 6 de abril de 2011

CURIOSIDADES - Intoxicação por Medicamentos

               Medicamentos são produtos farmacêuticos produzidos com rigoroso controle técnico e que auxilia na prevenção, do diagnostico e no tratamento das doenças. Embora possuam uma ação benéfica a maioria deles, mesmo administrados nas doses corretas, pode originar diversas reações adversas, de maios ou menos aptidão. No entanto, o principal perigo dos medicamentos é a sua administração incorreta, em doses elevadas, pois podem originar uma verdadeira intoxicação – este é um fenômeno muito freqüente, sobretudo em pessoas idosas e crianças menores de 5 anos.
                No Brasil os medicamentos se apresentam como o principal agente tóxico, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) desde 1994. Os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos, antiinflamatórios são as classes que mais causam intoxicação em nosso país. O levantamento do SINITOX mostra que 44% de intoxicação por medicamentos são classificadas como tentativas de suicídio e 40% como acidentes – sendo 33% crianças menores de 5 anos e 19% adultos de 20 a 29 anos.
                Em média, mais de 20 crianças por dia sofrem intoxicação por medicamentos. Quase uma vitima por hora. Um valor preocupante que mostra a importância de adotar medidas para minimizar os riscos de acidentes domésticos, como o cuidado de não estocar medicamentos em casa, após o término do tratamento.
                A Resolução da Diretoria Colegiada (RCD) 80/2006, sancionada em maio de 2006, pela ANVISA, prega que farmácias e drogarias ofereçam aos usuários medicamentos em quantidades individualizadas, que atendam apenas às suas necessidades terapêuticas.  “Tal medida permite que o consumidor pague somente pelo que precisa e evitar a manutenção da farmacinhas em casa, o que facilita o acesso das crianças e pode causar trocas de medicamentos, além do risco do consumo de remédios fora da validade”, alerta a coordenadora do SINITOX, Rosany Bochner.
                A resolução da ANVISA prevê que as farmácias e drogarias devem receber uma autorização da Agência, que permita a venda fracionada.  Os estabelecimentos devem ainda exigir a apresentação da receita médica com a especificação da quantidade do medicamento. A bula e informações como fabricante, lote e data de validade devem acompanhar todas as vendas e os produtos devem estar em embalagens especiais com a indicação de fracionamento.
                A RCD 80/2006 não basta. É importante programas de prevenção e de campanhas educativas para minimizar as intoxicações por medicamentos e a adoção da Embalagem de Proteção a Crianças (EEPC) em medicamentos e produtos químicos de uso doméstico que apresentam risco a saúde. O projeto de Lei nº 4841-A/94 visa à adoção da EEPC em nosso país, que devera ser confeccionada de modo que seja significativamente difícil para uma criança conseguir abrir ou retirar uma quantidade tóxica ou perigosa do produto nela contida, em um período razoável de tempo e que não seja difícil sua abertura por um adulto.
                Alem disso, é importante adotar algumas medidas preventivas:
·         Mantenha todos os produtos tóxicos em local seguro e trancado, fora do alcance das mãos e dos olhos das crianças, de modo a não despertar sua curiosidade – os medicamentos são ingeridos por crianças que os encontram em local de fácil acesso, deixados pelo adulto;
·         Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qualquer medicamento;
·         Evite tomar remédio na frente de crianças;
·         Não dê medicamento no escuro para que não haja trocas perigosas;
·         Não utilize medicamentos sem orientação médica;
·         Mantenha os medicamentos nas embalagens originais;
·         Cuidado com medicamentos de uso infantil e de adulto com embalagens muito parecidas – erros de identificação podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais;
·         Nunca use medicamentos com prazo de validade vencida;
·         Descarte medicamentos vencidos – não guarde restos de medicamentos. Despeje o conteúdo no vaso sanitário ou na pia e lave a embalagem antes de descartá-la. Nunca coloque a embalagem com o seu conteúdo na lixeira;
·         É importante que a criança aprenda que medicamento não é bala, doce ou refresco –  quando sozinha, ela poderá ingerir o medicamento. Lembre-se: medicamento é medicamento.
·         Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a atenção e a curiosidade natural das crianças – não estimule essa curiosidade. Mantenha medicamentos e produtos domésticos trancados e fora do alcance das crianças. 

Referências:
SINTOX – SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO FARMACOLÓGICAS. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox/medicamentos.htm> Acesso em: 25/03/2011.

MINIPÉDIA – CONTEÚDOS DE SAÚDE. Disponível em: <http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=869> Acesso em: 04/04/2011.

SAÚDE – INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Intoxicacoes_por_Medicamentos.pdf> Acesso em: 06/04/2011.

Rafaela Cavagnolli

Reportagem - Intoxicação por Medicamentos

"Intoxicação por medicamentos levam 700 mil americanos aos hospitais todo ano"

       Esta reportagem de 31 de março de 2011, relata um pouco mais do quão grave tem se tornado o uso abusivo de medicamentos nos EUA; inclusive em áreas rurais. 

Referência:
   DIÁLOGOS POLÍTICOSINTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS. Disponível em: <http://dialogospoliticos.wordpress.com/2011/03/31/intoxicacao-por-medicamentos-levam-700-mil-americanos-aos-hospitais-todo-ano/> Acesso em: 06/04/2011.

Caso Clínico

Choque Cardiogênico por Dissulfiram

A intoxicação medicamentosa voluntária é um importante problema de saúde mundial, os pacientes podem se apresentar em coma ou com instabilidade hemodinâmica. Antidepressivos, benzodiazepínicos e organofosforados são os fármacos mais utilizados, em associação entre eles e com bebidas alcoólicas. Intoxicações voluntárias por dissulfiram são raras, mas a gravidade das complicações agudas exige que se saiba reconhecer os seus efeitos tóxicos.
A intoxicação medicamentosa por dissulfiram é uma situação rara, mas pode se apresentar com manifestações cardiovasculares graves e potencialmente fatais. É apresentado o caso de uma paciente com choque cardiogênico após intoxicação voluntária por dissulfiram. O dissulfiram, usado para o tratamento do alcoolismo, exerce sua ação quando há ingestão concomitante de álcool. Ele inibe de forma irreversível a enzima aldeído-desidrogenase responsável pela metabolização do etanol, com aumento da concentração sérica do metabólito acetaldeído, cuja toxicidade provoca a “síndrome do acetaldeído”.

Relato de caso:
Paciente do sexo feminino, 49 anos, com depressão maior e alcoolismo crônico. Admitida no Pronto-Socorro quatro horas após ingestão voluntária de 60 comprimidos de dissulfïram (15g), 16 comprimidos de clonazepam (8mg) e 6 comprimidos de maprotilina (450mg), associada ao consumo de álcool.
Do exame clínico, destacavam-se sonolência, taquipnéica e má perfusão periférica. Pressão arterial: 68 - 35 mmHg; frequência cardíaca: 105 bpm. Ausculta pulmonar com estertores bolhosos difusos. Dos resultados bioquímicos, salientava-se uma proteína C reativa elevada (PCR) - 31 mg/dl. A gasometria revelava hipoxemia grave (PaO2 66 mmHg, com FiO2 85%).
Foram iniciadas de imediato medidas de ressuscitação de volume e posteriormente dopamina. Apesar dessas medidas, a paciente manteve choque refratário e evoluiu com agravamento da dificuldade respiratória e dessaturação progressiva, exigindo intubação orotraqueal e início de ventilação mecânica, tendo sido admitida na UTI. O quadro foi inicialmente interpretado como choque misto - cardiogênico e séptico. Persistindo dúvidas relativas ao grau de comprometimento cardíaco, foi realizado ecocardiograma que mostrou prejuízo moderado da função sistólica do ventrículo esquerdo e hipocinésia global.
Nesse contexto, foi substituída dopamina por dobutamina e suspendido antibiótico nas primeiras 24h. Verificou-se, posteriormente, redução progressiva da PCR até normalização. Os marcadores cardíacos seriados e eletrocardiograma permaneceram normais e a paciente não apresentou perturbações da condução ou ritmo.
Verificou-se resolução do choque circulatório ao fim de 72 horas e melhoria dos parâmetros ventilatórios permitindo extubação no 4º dia. Já sem suporte de aminas, repetiu-se ecocardiograma, tendo-se verificado uma melhoria na função sistólica e regressão da hipocinésia global. A paciente manteve evolução favorável do ponto de vista cardiovascular, tendo tido alta da UTI acordada e colaborante, hemodinamicamente estável e sem sinais de insuficiência cardíaca.
          Após excluídas outras hipóteses, o quadro agudo de choque cardiogênico foi interpretado no contexto da intoxicação medicamentosa por dissulfiram. As manifestações da toxicidade aguda por dissulfiram resultam da potenciação da reação do acetaldeído, quando associada ao álcool, mas, sobretudo dos efeitos diretos do fármaco. A eficácia da dobutamina nunca foi suficientemente avaliada. Nessa paciente, a dobutamina mostrou ser uma alternativa eficaz. A dopamina parece ser a amina com menor eficácia na abordagem do choque provocado por este fármaco.


Referência:
RELATO DE CASO – CHOQUE CARDIOGÊNICO POR DISSULFIRAM. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/abc/v92n3/16.pdf> Acesso em: 05/04/2011.


FOTOS: SHUTTERSTOCK

Marcella Passoni

Folder Informativo


Angelina Stoco, Marcella Passoni, Rafaela Cavagnolli, Rahiza Kusma

terça-feira, 5 de abril de 2011

TOXICOLOGIA: a garantia de cosméticos seguros

“O primeiro registro de acidente grave com uso de produto cosmético foi aquele que ocorreu na França, na década de 1950, com o uso de talco infantil contendo o anti-séptico hexaclorofeno, cuja concentração – dez vezes superior ao valor normal –, por erro na fabricação em determinado lote, resultou na morte de dezenas de crianças.”

            O hexaclorofeno é um agente antimicrobiano introduzido pela indústria farmacêutica, em 1948, em preparações líquidas e em pós. Subseqüentemente, foi utilizado como anti-séptico tópico. Nos anos 70, estudos mais recentes sugerem também potencial teratogênico. Vários países baniram esta substância ou restringiram seu uso. No Brasil, a RDC 48/06, da ANVISA, proibiu o uso do hexaclorofeno em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.
            Nas ultimas décadas, muitos outros ingredientes foram banidos das listas positivas de cosméticos em todo o mundo, como compostos de mercúrio e halogenados, propelente clorofluorcarbono, e ingredientes geradores de nitrosaminas.
            Felizmente, hoje, a indústria dispõe de outros recursos para desenvolver e introduzir novas moléculas no mercado. O planejamento toxicológico, que utiliza amplo banco de dados de ingredientes com o histórico de sua ação ao longo do tempo nos organismos vivos, ampara o processo e desenvolvimento de novas matérias-primas.
            Pode-se afirmar que, quando utilizados de maneira adequada e adotando as recomendações do fabricante, os cosméticos são produtos seguros. Não são comuns as reações adversas com tais produtos, e, quando ocorrem, na maioria dos casos, é devido ao uso impróprio ou a acidente.
            Os cosméticos são produzidos utilizando ingredientes apropriados de alto perfil de segurança e em níveis de concentração adequada. É graças aos consideráveis avanços da toxicologia que hoje podemos depositar confiança nos cosméticos, garantindo produtos seguros e afastando a hipótese de repetição da lamentável caso do hexaclorofeno.
            Para entender melhor o desenvolvimento de produtos seguros, é importante entender as noções básicas de toxicologia. “Toxicologia é a ciência que estuda a interação entre o organismo e um agente químico capaz de produzir respostas nocivas, levando ou não à morte ou mesmo comprometendo uma função orgânica”.
            A toxicologia tem contribuído expressivamente para o desenvolvimento de outras ciências e atividades humanas. Esta exige conhecimentos gerais de varias áreas, como, química, bioquímica, patologia, epidemiologia, imunologia, entre outras. Além disso, é referenciada pelos diversos campos nos quais é estudada, de acordo com a natureza do agente ou a forma como esse agente atinge o sistema biológico.
            Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos estuda a interação de medicamentos e cosméticos com o organismo, em decorrência de uso inadequado ou da suscetibilidade do usuário.
            Quando a interação entre um agente químico e o organismo provoca sinais ou sintomas específicos, denominamos intoxicação.
            Fisicamente os agentes tóxicos podem se apresentar como líquidos sólidos ou gases e possuem diferentes vias de absorção. A via mais comum de intoxicação é a cutânea ou dérmica, onde a absorção depende de fatores como formulação, tempo de exposição, solubilidade, grau de ionização, dimensão das moléculas, entre outros.
Intoxicações pela via inalatória ou respiratória é por produtos que geram gases, vapores, fumos, fumaças, neblinas e poeira, principalmente em espaços confinados ou com arejamento insuficiente. Pela via digestiva – oral – a absorção é rápida pela parede gastrointestinal.
Você já parou pra pensar quantos produtos cosméticos um consumidor utiliza por dia? Talvez esse número chegue a mais de 20. Se cada um deles contiver pelo menos 10 ingredientes diferentes, o consumidor estará sendo exposto, num só dia, a mais de 200 compostos químicos de natureza e comportamento específicos. Ainda mais, esses compostos entram em contato com a pele, couro cabeludo, mucosas, área dos olhos, cavidade oral, sempre em condições das mais variadas.
É através da seleção de matérias-primas que podemos garantir a segurança dos cosméticos. Sabe-se que hoje são utilizadas mais de 13.000 matérias-primas de 30.000 diferentes denominações comerciais.
A regulação própria de cada mercado lista os ingredientes permitidos, as concentrações máximas e a função no produto cosmético. Para aceitação pelos órgãos reguladores, os fabricantes de ingredientes químicos devem comprovar que os mesmos são seguros. Todavia, é importante estar alerta para o potencial de riscos de cada ingrediente.
A formulação é a arte de juntar os ingredientes para obter o produto final que atenda aos requisitos do projeto. Mesmo que um determinado ingrediente já seja conhecido e rotulado como seguro, numa determinada formulação é preciso avaliar a interação deste com os demais ingredientes, pois nada garante que terá o mesmo comportamento quando numa nova combinação. Pode existir também a interação do produto com a embalagem, principalmente aquelas confeccionadas em plástico, embora seja menos freqüente.
O produto cosmético deve cumprir aquilo que promete e que está mencionado no rotulo. Além disso, deve ser seguro, e não causar reações adversas no consumidor.
Para garantir a segurança de produtos de higiene, cosméticos e perfumes, são necessárias comprovações que vão desde o histórico de segurança do produto e de suas matérias-primas até a realização de ensaios toxicológicos específicos in vitro ou in vivo em animais ou humanos.
Por muito tempo, os ensaios de irritação e toxicidade dérmica e ocular para comprovar a segurança de cosméticos eram em animais. No entanto, novos métodos foram sugeridos, devido pressão dos grupos de proteção aos animais.
Por fim, a RDC 332/05 estabeleceu a obrigatoriedade das empresas fabricantes e importadoras de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes introduzirem o Sistema Cometovigilância com o objetivo de facilitar a comunicação por parte do consumidor sobre problemas decorrentes do uso, defeito de qualidade ou efeitos indesejáveis e o acesso do consumidor.  
Essa RDC também estabelece que as empresas deverão manter registro dos relatos de ocorrência com seus produtos e avaliá-los, e, ainda mais, caso identifiquem situações que impliquem em risco a saúde do usuário, as empresas deverão notificar a autoridade sanitária.

Referência: 
Revista Cosmetics & Toiletries (Brasil) Vol.20. Mar-Abr 2008 - Páginas 20 a 24. MATÉRIA DE CAPA por Hamilton Santos.
Disponível também no site: <http://www.cosmeticsonline.com.br/pdfs/abril2008.pdf>. Acesso em 25/03/2011. 



Rafaela Cavagnolli